quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Personalidades da Ciência 1: Nicolau Copérnico

Copérnico: o Filósofo do Céu

reprodução

Copérnico
(1473-1543)

Copérnico, morto em 1543, foi sem o desejar um dos grandes revolucionários da história da ciência. A teoria heliocêntrica que defendeu fez por influenciar uma mudança radical e completa não só na concepção do cosmo que se tinha até então, como na própria maneira de ver o homem.

O Sol é o centro de tudo

"O que é na verdade mais belo que o céu, que, certamente, contém todos os atributos da beleza? Isto é proclamado pelos seus verdadeiros nomes, caelum e mundus, este último com significando clareza e ornamento, como a escultura antiga."

Copérnico - As revoluções das órbitas celestes, 1543

Durante longos 36 anos, o cônego Nicolau Copérnico manteve-se irredutível. Não queria de modo nenhum publicar seu tratado sobre uma nova teoria cósmica. Se bem que algo já vazara, chegando até os ouvidos de um Lutero indignado, o número dos que tomaram conhecimento do real significado das suas teses reduzia-se a uma dúzia e olhe lá. O cientista, ao dedicar-se minuciosamente ao Almagesto do astrônomo Ptolomeu , e a outros especuladores celestiais, gregos e árabes, concluíra que não era a Terra o centro do universo. Era o Sol!

reprodução

Imagem mitológica: o Sol carregado pela quadriga
Preso à sua torre de observação em Frauenburg, hoje Turon, um lugarejo nas margens do Báltico, na antiga Prússia oriental, com um triquetrum e um baculus, instrumentos primitivos que mandara fazer, todos sem lentes, aquele sacerdote tímido, cinzento, de vida insípida, solitária e avarenta, convertido em filósofo do céu, fez desmoronar uma arquitetura astronômica que durava há uns 17 séculos.






A Revolução no Céu

Gênio matemático, Copérnico percebera, como escreveu na dedicatória ao Papa Paulo III, constante na As Revolução das órbitas celestes, que os cálculos feitos até então pelos astrônomos que o antecederam eram exatos apenas para fixar certos fenômenos da geografia das constelações. Mas, assegurou, se postos todos eles juntos, o resultado era confuso e sem sentido. Algo como se reuníssemos membros perfeitos de corpos diversos, um pé de um, um braço de outro,... resultando disto um monstro.

Redigira, maduro, um Commentariolus, um resumo das suas idéias que começaram a circular, diga-se que sem nenhuma repercussão imediata, a partir de 1509. Não só afirmou-se como heliocentrista, como tinha certeza de que a Terra se movia. A revolução diária do firmamento se devia ao giro sobre o seu próprio eixo, enquanto

reprodução

Copérnico e sua teoria (selo comemorativo alemão)
que o movimento anual resultava da Terra e dos planetas circularem ao redor do Sol. Recolheu-se, depois de uma expressiva atividade acadêmica, num arco que cobriu de Cracóvia à Pádua, para o seu fortim em Frauenburg, entretido na isolada contemplação do firmamento quando os nevoeiros do Báltico permitiam.

A ciência era para poucos

reprodução

O cosmo geocêntrico de Ptolomeu
Apesar de afrontar, como disse Barbara Bienkowska, a Bíblia, o aristotelismo, e o senso comum, não foi a vara do bispo ou a do inquisidor que Copérnico temia. A relutância dele em divulgar seus achados por escrito devia-se a outras causas. Receava era os militantes da ignorância, sempre prontos a incinerar cientistas ou vegetais. Inspirando-se nos rituais de segredo de Pitágoras e seus seguidores, aferrou-se a idéia de que a ciência só devia circular entre os iniciados e os amigos. Ela, a ciência, era a água pura que, se derramada no chão onde imperavam os brutos, virava lama.



Copérnico no Índex

reprodução

Galileu mostra o telescópio ao papa (Imss-Florença)
Quem o demoveu da posição turrona foi o seu discípulo Rético, um alemão que passava as férias acadêmicas enfiado na torre de Frauenburg copiando o manuscrito, atormentando Copérnico para que o autorizasse a publicá-lo. Sabia-o magistral. Recebeu-o, finalmente editado, em seu leito de morte, quando atingira 70 anos, em 1543. A Igreja Romana, fiel ao dogma geocêntrico de Ptolomeu, só se deu conta do estrago sete décadas depois, colocando-o no índex dos autores proibidos em 1616, onde permaneceu até 1822. Mas aí já era tarde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário